O Pentecostes na Torre de Babel

Post de
por Beatriz Felix

“A língua da filosofia é o alemão”,
Diz o acadêmico, em claro português.
E, ainda que ele pense
Que célebre é esta língua,
A língua do pensamento,
É com o cérebro e não com a língua
Que eu penso.

“A língua da música clássica é o italiano”,
Diz o entusiasta, em claro português.
E, ainda que ele o diga,
Minha língua não liga:
Fala em qualquer melodia,
Canta em linguês.

“Italiano? Ah, era uma vez!
Língua pop é o inglês
Que é melhor de compor e soa bem!”
Diz o fã moderno, em claro português.
E, ainda que eles rimem
You com do
E true com you
(Ricamente monossilábicas,
Ritmicamente oxítonas),
Canto palavras desconhecidas,
Falo em línguas.

(19/10/2014)


Eu costumava publicar poesias no meu antigo perfil no Tumblr.

Essa é uma das minhas preferidas, então era uma boa candidata a post do blog. Como foi a menos vergonhosa que eu achei, acabou saindo vencedora. Outros poemas meus dessa época foram escritos sob efeito de drogas pesadas (paixão), então é mais difícil publicar.

Não gostaria de transformar esse blog em um memorial aos poemas mortos do Tumblr, mas é bom que eles encontrem nova casa aqui, é bom lembrar do que já escrevi. E espero ter mais poemas novos futuramente. Não tenho pretensão de que saia algo bom (segundo quais critérios, afinal?), os textos só precisam mesmo é existir. Leia por sua conta e risco.